Olá! O blog anda meio abandonado, certo? Sim, mas não esqueci dele. É que ultimamente não tenho sentido vontade de postar. Na verdade, não sinto vontade de nada. Enfim, vou falar só por mim. Se a Lara e a Naii estão sem postar, elas tem os motivos delas. Esse post é mais um desabafo do que uma explicação, já que provavelmente ninguém se importa se isso aqui está às moscas.
Os meus últimos dois meses deram uma reviravolta completa. Tudo estava como sempre foi, e de repente, veio uma tempestade que parece que nunca vai embora.
Era um dia comum e eu estava na sala, mexendo no meu netbook. Então minha mãe me ligou. Ela estava aos prantos escrever isso aqui me faz lembrar toda a dor e choque que eu senti naquele dia. E suas palavras foram: Cris nome fictício sofreu um acidente! Cris é a minha tia. Bem, eu não gosto do pessoal da minha família. Fazia anos que não ia na casa dos meus avós. Lá só tem fofoca e gente falsa. Mas essa minha tia era diferente... Ela era superior a todo aquela gente estúpida.
Ela
era formada em história e em 2012 voltando no tempo, finalmente tinha passado em um concurso.
Yay! Que coisa boa! Só tinha uma problema. Ela se inscreveu no interior, por
ser mais fácil e agora não tinha como transferir para a capital, como era seu
plano. Ok, meus avós nasceram nesse interior que ela ia trabalhar
e possuíam casa lá. Então ela foi. Desde esse tempo, eu só a vi 2
vezes. Como não vou nos meus avós e ela nunca ia na minha casa, ficava difícil
nos encontrarmos. Uma vez a vi em 2012 no shopping, em meu aniversário. Eu
estava almoçando com minha mãe, reclamando que o macarrão da comida estava
apimentado demais e ela apareceu. Disse que tinha ido resolver uns problemas
com o carro e então sentou com a gente. Eu empurrei o prato e disse que não ia
conseguir comer o resto do macarrão apimentado. Ela resolveu experimentar para
ver se estava tão apimentado assim, e quando colocou o garfo na boca, xingou e
concordou comigo. Conversamos um pouco, ela comentou do tédio lá no interior, depois nos despedimos e eu fui embora com minha mãe. A outra
vez foi no fim do ano de 2013, no dia de natal. Eu fui nos meus avós a força, depois de
tanta insistência da minha mãe. Uma tia minha havia sido operada do
útero e a Cris estava lá. Ela e essa minha outra tia sempre foram melhores
amigas. Nós conversamos um pouco, até rimos e depois voltei para casa. Essas
foram as últimas vezes que a vi.
Quando minha mãe me ligou e disse que
ela havia sofrido um acidente, eu comecei a me tremer. Eu disse no telefone que
ia ficar tudo bem, mas minha mãe disse que ela estava já para morrer. Eu
continuei sendo positiva e disse que ia me encontrar com ela. Quando o telefone
desligou eu tentei falar com as minhas amigas no whatsapp, sem sucesso. Abracei
meu cachorro e resolvi ligar para minha prima. Ela não é espirita, mas acredita
muito nessa doutrina e todos na sua casa tem uma facilidade de se comunicar com
o outro lado se você não acredita, RESPEITE. Eles são médiuns e até já foram conhecer um centro espírita do
bairro. Quando atendeu, minha prima falou que o espirito dela tinha entrado na
minha outra prima, a irmã dela, e tinha pedido para voltar. Ela pediu para que
eu não contasse a ninguém, já que todos na minha família são católicos
convictos e que eu orasse muito. Desliguei o telefone e fiz o que ela pediu.
Depois não aguentei, e liguei para o meu pai eles são separados e
ao contar o que havia acontecido, pedi que me levasse na minha avó. Aquela
noite foi horrível. Aquele dia foi o pior da minha vida. Quando cheguei lá,
soube da história. Ela havia entrado em um ônibus com destino a um outro
interior, para entregar algo relacionado ao trabalho para alguém, quando numa
chuva muito forte, o ônibus derrapou e capotou. Ela voou pela janela e depois o
mesmo ônibus passou por cima dela. Morreu na hora. E foi apenas ela. Os outros
só sofreram ferimentos leves.
Lá estava um caos, um monte de gente
chegando, gritos de choro, todo mundo aos prantos e eu apenas fiquei
abraçada com minha mãe, sem chorar não consigo chorar na frente de
ninguém. No outro dia foi o enterro e a tristeza foi maior. Havia tanta
gente que pensei que iam ter uns 3 enterros no lugar. Eu não aguentei e chorei
muito junto com minha mãe.
Sabe, se eu pudesse escolher, iria no
lugar dela. Não me importaria de morrer se ela pudesse voltar. Minha vida é tão
insignificante, tão monótona. Minha tia querida merecia viver mais do que eu.
Ela tinha sonhos. Havia comprado um carro e planejava comprar um apartamento em
breve. Tinha mudado a vida de muitos, ensinando naquele interior tão pobre. Era
tímida e ninguém sabia muito sobre seus amigos e suas paixões. Viveu apenas 39
anos. Nunca se casou, nunca teve filhos, nunca viajou para outro país. Adorava
estar com os mais pobres. Dizia que lá se sentia mais à vontade. Odiava
trabalhar no interior porque se sentia só, já que lá não tinha amigos, e a saudade da capital era grande. Até chorava quando tinha que voltar para lá. Quem disse isso, foi uma outra tia minha, que era a mais próxima da Cris.
Eu nunca a visitei nesse tempo. Ela
morava sozinha e poucas pessoas da minha família foram a visitar e muito menos
ligavam para ela. Hoje eu entendo e levo a sério aquela música do Renato Russo "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã".
E eu? Vivo uma vida sem graça,
solitária, sem fazer muita coisa. Passo os meus dias deitada na cama, chorando,
comendo porcaria, lendo livros felizes sabendo que são uma mentira e algo assim
jamais aconteceria comigo, vendo filmes independentes chatos, ouvindo as mesmas
músicas de sempre e indo a faculdade só porque isso faz minha mãe feliz.
Então porque não eu?
Eu sei que é fácil falar coisas como "não fica assim" e "levanta a cabeça" quando não é com a gente, e entendo a dor que você está passando, mas não sinta como se sua vida não importasse e que ninguém se importa, porque sempre tem alguém pra sentir saudades, mesmo que a gente não saiba, e se a gente faz falta pra alguém, é importante sim. Cada pessoa é especial a sua maneira, tenho certeza que sua tia foi uma pessoa maravilhosa e que trouxe muita beleza a esse mundo, mas você é jovem e mesmo que sinta que nunca fez nada de importante, tenho certeza que fez, só não tem a destreza de perceber isso ainda. Então, busque na sua vida fazer como sua tia fez, traga beleza ao mundo e faça do pedacinho que você ocupa um lugar melhor. Sua tia foi especial sim, e você também é, ela pode não ter vivido intensamente, viajado, tido filhos mas aposto que foi feliz e plena nesses quase 40 anos de vida e, principalmente, tenho certeza que mesmo sozinha, foi feliz. Feliz por ser quem é e por fazer o que faz, por trazer luz e cor ao mundo e conquistar as pessoas ao ponto de alguém sentir tanta falta dela que chega a se perguntar "por que não eu?" Então procure também trazer alegria ao mundo sendo quem você quer e fazendo o que gosta, essa é a melhor maneira de se viver, porque a vida é isso. Eu não acredito que a gente vá para um lugar melhor depois daqui, eu acredito que é isso e acabou (porém respeito todas as crenças) por isso busco fazer da minha vida algo que valha a pena. Tenho só 21 anos, nunca fiz nada memoravel, sou só uma garota que está terminando a faculdade e mantém um blog nas horas vagas, mas eu sei que se eu morresse agora, já estaria bom porque eu fui feliz em ser quem sou e fiz muitas pessoas ao meu redor sorrir pois sempre levo um sorriso no rosto, mesmo com o coração machucado. Acho que falei demais, to tomando o lugar do seu texto, só te desejo tudo de melhor, que você supere essa perda enorme e volte a sorrir para a vida, que um dia ela sorri de volta para você.
ResponderExcluirPoxa, muito obrigada pelo seu comentário. Saiba que me fez MUITO bem ler o que você escreveu! :')
ResponderExcluirAos poucos a gente vai aceitando, não é mesmo?
Peço desculpas pela demora em responde-la, pois só vi a mensagem agora.
Espero que tenha gostado do blog e apesar de parado ultimamente, vou fazer novos posts e tentar divulga-lo mais. Beijos e volte sempre aqui. ^-^